15 de março de 2011 | 0h 00
Romaria fluvial contra usina de Belo Monte
Cerca de 700 pescadores protestam contra construção da hidrelétrica no Rio Xingu para marcar o Dia Internacional de Luta Contra as Barragens
Fátima Lessa - O Estado de S.Paulo
Cerca de 700 pescadores de cinco comunidades da região do Rio Xingu no Pará realizaram ontem, Dia Internacional de Luta Contra as Barragens, uma romaria fluvial, em protesto contra a construção da usina de Belo Monte em Altamira (PA). O evento foi encerrado na frente da sede da Eletronorte onde a romaria foi recebida por mais de 100 mulheres e filhos de pescadores.
Foi a primeira manifestação dos pescadores que também deverão ser atingidos pelo empreendimento. Ana Laide Soares Barbosa, do Movimento dos Pequenos Agricultores, disse que a proposta é a partir de agora construir um movimento mais organizado dos pescadores. "A pescaria foi a maneira de mostrar o potencial do rio. Foi o primeiro grito de alerta. Este dia foi a prova de que quando o rio está ameaçado os pescadores vão defendê-lo."
A romaria marcou o encerramento de uma série de manifestações de pescadores que começou na sexta-feira passada. Até ontem, eles promoveram "A grande pescaria em defesa do Rio Xingu e contra Belo Monte". Para a pescaria, os barcos receberam a bênção de d. Erwin Kräutler, bispo da Prelazia do Xingu.
Organizadores do movimento estimam que durante os três dias foram pescadas cerca de 12 toneladas. Os peixes que não foram consumidos no almoço servido aos participantes foram doados para instituições de caridades de Altamira.
Fábio Barros, da Comissão Pastoral da Terra, disse que a partir de agora, os pescadores vão definir linhas de ação e táticas do movimento. De 25 a 27 de março, na cidade de Vitória do Xingu, a 45 km de Altamira, será realizada uma assembleia. Devem participar cerca de 700 pescadores.
Impactos. Estudos do painel de especialistas constituído por pesquisadores e cientistas de diversas áreas, mostram que "tanto os peixes que se movimentam na direção de jusante para montante da barragem (em busca de sítios para desova), como também os que se movimentam no sentido inverso, de montante a jusante serão afetados. "O empreendimento AHE Belo Monte, do ponto de vista da ictiofauna (conjunto das espécies de peixes que existem numa determinada região biogeográfica), é tecnicamente inviável, visto que vai destruir uma grande extensão de ambiente de corredores tanto no trecho de vazão reduzida quanto na área do lago. Não existe compensação ambiental à altura desses impactos sobre a ictiofauna".
Fonte: Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário