Rede Ambiental do Piauí denuncia a secretaria do Meio Ambiente
O coordenador da Rede, Dionísio Neto, afirma que "a Semar está querendo liberar mais carvoarias
A Reapi - Rede Ambiental do Piauí está encaminhando denúncia contra a Secretaria de Estado do Meio Ambiente ao Ministério Público Federal sob acusação de liberar licenças de funcionamento para carvoarias sem qualquer critério e com objetivo de beneficiar a empresa CSN - Companhia Siderúrgica Nacional.
O coordenador da Rede, Dionísio Neto, afirma que "a Semar está querendo liberar mais carvoarias esse ano, saíram solicitação de pedidos de licença ambientais nos jornais". Segundo diz, "precisamos conter esta situação."
Para Dionísio Neto, o beneficiamento da Companhia tem relação direta com esquema de financiamento de campanhas eleitorais. Declarou em entrevista ao 180graus que a CSN contribuiu com importância de R$ 150 mil para a campanha reeleitoral do governador Wellington Dias (PT) em 2006.
Disse ainda que a informação pode ser confirmada junto ao TSE - Tribunal Superior Eleitoral, além do site Congresso em Foco, de Brasília, que faz acompanhamento de atividades de políticos e entidades empresariais e não governamentais.
"Estamos denunciando o esquema de financiamento de políticos. Vale destacar que o governador do Piauí recebeu R$ 150 mil na última eleição para governador da Companhia Siderurgica Nacional. Tomamos conhecimento, inclusive, de que isso já chegou ao Senado e que o senador Heráclito Fortes vai pedir esclarecimentos ao Ministério do Meio Ambiente sobre essa grande quantidade de carvoarias em operação no estado."
Segundo informações da Reapi, o Piauí se transformou no paraíso dos carvoeiros por conta da tolerância com que são tratados pela atual administração do estado. "As siderúrgicas ligadas à Companha precisam do carvão das florestas do Piauí. Tem gente vindo de Minas Gerais porque não tem mais onde desmatar. Por isso, o governo evita fiscalizaçao e facilita licenciamentos. A CSN pode financiar novamente o PT. Tudo isso em troca do carvão", pondera Dionísio Neto.
Ele garante que depois de queimar toda a mata nativa do estado de Minas, empresários estão transferindo suas carvoarias para os estados do Nordeste, em especial o Piauí, "onde os órgãos de fiscalização não atuam."
Dionísio Neto cita o caso da empresária mineira Wane Rodrigues da Silva, que apresentou requerimento na Secretaria Estadual do Meio Ambiente para licenças de instalação e operação de 100 fornos visando a produção de carvão vegetal no município de Regeneração, localizado no Médio Parnaíba piauiense.
No seu entender, o carvão será destinado ao abastecimento de fornos de siderúrgicas instaladas em Minas Gerais. A Reapi conta atualmente com 52 entidades filiadas e cerca de 150 voluntarios. "Encabeçamos a Campanha SOS Serra Vermelha", afirma.
OUTRO LADO
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente nega irregularidades na concessão de licenciamento ambiental para atividades no Piauí. O secretário Dalton Macambira afirma que tem havido combate a qualquer tipo de agressão ao meio ambiente piauiense.
Segundo ele, mais de R$ 1 milhão foi aplicado em multas através da Secretaria do Meio Ambiente, relativo à exploração do meio ambiente de forma irregular. A relação de processos junto à Secretaria revela a fiscalização do órgão em várias áreas, como: postos de combustível, atividades agrícolas, desmatamento ilegal e carvoarias, empreendimentos que estavam atuando no Estado sem a devida autorização. De acordo com os registros da Semar, em 2009 foram realizados 39 embargos de atividades diversas sem a devida licença ambiental, com aplicação de mais de 75 multas, totalizando R$ 1.107.749,00.
Fonte: Portal 180graus
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