sábado, 11 de dezembro de 2010

COP-16: Acordo deixa de lado o mais importante

11/12/2010 - 17h55
Acordo de Cancún traz esperança, mas deixa de lado o mais importante

Do UOL Ciência e Saúde

Em termos diplomáticos, os avanços obtidos na conferência do clima da ONU em Cancún são inegáveis. Porém, no que se refere ao futuro do planeta, muito pouco foi conquistado. As metas para redução nas emissões de gases de efeito estufa, o principal instrumento para evitar a elevação da temperatura global em mais de 2ºC, ficaram para depois. E é possível que não sejam definidas nem no ano que vem, na COP-17, na África do Sul.

“No que se refere à questão científica, estamos na mesma situação, pois o que importa é cortar emissões e isso não foi definido”, comenta a professora Suzana Kahn, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma das brasileiras a integrar o Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC), da ONU. Ex-secretária nacional de mudanças climáticas, ela acompanhou de perto as negociações em Cancún.

Kahn diz que a COP-16 teve o mérito de estabelecer as bases para um acordo global futuro. Mas ela acredita que uma decisão sobre corte de emissões que inclua todos os países não deva ser firmado antes de 2012. “Um segundo período de Kyoto não é suficiente; para não ultrapassarmos o limite de 2ºC é preciso um acordo global e não haverá tempo para isso ser definido em 2011”, opina.

Esperança

O ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, hoje deputado estadual (PT-RJ), também lamenta a falta de acordo sobre metas de emissão. “Todas as propostas oferecidas pelos países até agora, além do Protocolo de Kyoto, levam a um aumento de temperatura de 3,5ºC, o que significa que vamos ter um cataclisma”, explica.

Mas ele diz que a regulamentação do REDD (Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação de floresta) e do fundo de adaptação representa um avanço significativo. “O acordo de Cancún deixou uma esperança, e não um gosto de frustração absoluta”, conclui.

Veja o que ficou definido na conferência do clima em Cancún

Financiamento

A grande decisão foi sobre o Fundo Verde, que será “a entidade operacional de mecanismos de financiamento da Convenção”. Ele estará sob responsabilidade da ONU, mas terá o Banco Mundial como tesoureiro nos primeiros três anos. Deverá ser governado por 24 países, divididos igualmente, entre ricos e pobres.

O financiamento de começo rápido prevê o destino de U$ 30 bilhões de 2010 a 2012, com uma alocação balanceada entre ações de redução e adaptação. Já a longo prazo ficou decidido que novos fundos devem ser criados em vista às necessidades urgentes e imediatas dos países em desenvolvimento vulneráveis às mudanças climáticas. O texto reconhece o compromisso dos países desenvolvidos em doar U$ 100 bilhões por ano até 2020 e que estes recursos poderiam vir de setores privados e públicos e em acordo bi ou multilaterais.

Adaptação

A adaptação às mudanças climáticas ganha destaque no pacote, apesar de não contar com ações práticas determinadas. O texto diz que adaptação precisa da mesma prioridade que a redução das emissões dos gases do efeito estufa. Para isso, requer acordos formais para reforçar as ações e suporte à adaptação. O fundo para isso priorizará os países pobres mais vulneráveis, como os países menos desenvolvidos, pequenas ilhas e África.

Emissões de gases de efeito estufa

O pacote não faz referência a um acordo legalmente vinculante de metas de gases do efeito estufa, seguindo Kyoto, a partir de 2012. Ele apenas traz para a discussão as promessas voluntárias de redução apresentadas no Acordo de Copenhague. Vale lembrar que estas metas, se adotadas perfeitamente, não conseguiriam limitar o aumento da temperatura em 2 º C, o que é estabelecido como limite pelo mesmo documento. O texto diz que os países desenvolvidos devem apresentar um relatório anual sobre as emissões e um bienal sobre o progresso da redução de emissão. Também devem estabelecer planos para estimar as emissões geradas pelo homem.

Protocolo de Kyoto

Além dos países concordarem em decidir metas legais o quanto antes e em tempo de evitar um intervalo entre o primeiro e o segundo períodos do Protocolo, o texto sobre o Protocolo ainda reconhece que todos os países desenvolvidos, como um grupo, devem reduzir suas emissões de 25% a 40% comparado com 1990 até 2020. Para alcançar este objetivo, pede que os países aumentem suas ambições de redução de emissão de gases do efeito estufa, para além das promessas de Copenhague.

Transferência de tecnologia

Em relação à transferência de tecnologia, a definição principal é dar prioridade aos países menos desenvolvidos, desenvolvendo tecnologia nestes países e em parceiras bi ou multilaterais. Os países ricos devem desenvolver e organizar tecnologia, incluindo pesquisa cooperativa e programas de difusão de tecnologias e conhecimento em países em desenvolvimento, além de acelerar estas ações.

REDD (Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação de floresta)

O pacote balanceado também determina regras para a criação do REDD (Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação de floresta), que proveria recursos para os países preservarem suas florestas (grandes armazenadores de CO2). Estima-se que 20% de todas as emissões atuais sejam causadas pelo desmatamento, sendo que Brasil e Indonésia possuem os maiores índices no mundo.

As chamadas salvaguardas, o respeito ao conhecimento dos povos indígenas e comunidades locais e sua participação como parte integrante, devem ser apoiadas. A mensuração ou verificação destas políticas de salvaguarda foi retirada do texto, um pedido de brasileiros. Esta é uma importante medida para o Brasil, pois, de acordo com a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, “dá outra perspectiva para discutir políticas públicas internacionais sobre o tema”. O país já possui um “precursor” do REDD, o Fundo Amazônia, que recebe doações por diminuir o desmatamento da floresta.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ruralistas tentam acelerar votação do Código Florestal, alerta Marina Silva

07/12/2010 - 20h18
Ruralistas tentam acelerar votação do Código Florestal, alerta Marina Silva em Cancún

Do UOL Ciência e Saúde*

Atualizada em 08.12.2010

A bancada ruralista apresentou, nesta terça-feira (7), uma lista com mais de 370 assinaturas para colocar o projeto de lei que institui o novo Código Florestal em votação em regime de urgência na Câmara dos Deputados. A informação é da ex-ministra do Meio Ambiente e senadora Marina Silva, que acompanha as negociações sobre o clima na COP-16, em Cancún.

Marina diz que procurou o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e ele lhe deu garantias de que o assunto não seria votado nesta legislatura. Além disso, não houve acordo entre os líderes da Câmara para incluir o requerimento na ordem do dia nesta terça-feira. Mas a ex-ministra teme que, com as assinaturas em mãos, não haverá como impedir a aprovação do regime de urgência.

“Estou tentando conseguir a lista dos deputados que chancelaram esse pedido de urgência, porque é muito bom que a sociedade possa dialogar com aqueles que estão assinando essa irresponsabilidade, que é um verdadeiro retrocesso na legislação”, afirmou Marina Silva ao UOL Ciência e Saúde em Cancún.

Ao site Congresso em Foco, o líder no governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), admitiu apoiar a votação do pedido de urgência este ano para que a matéria seja votada no ano que vem.

A presidente eleita Dilma Rousseff, durante o segundo turno das eleições, comprometeu-se a vetar a anistia aos desmatadores e a redução das áreas de proteção permanente da floresta Amazônica caso estas alterações do Código Florestal sejam aprovadas pelo Congresso. O perdão aos desmatadores e a redução das áreas de preservação são os pontos mais polêmicos do Código.

Sobre a conferência em Cancún, Marina diz que a expectativa é que a reunião defina um “caminho operacional” para a aprovação de um acordo com compromissos vinculantes para todos os países no ano que vem, na COP da África.

* Colaborou Camila Campanerut, do UOL Notícias em Brasília

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Descoberta de bactéria no arsênico amplia perspectiva de vida em outros planetas

02/12/2010 - 19h05
Descoberta de bactéria no arsênico amplia perspectiva de vida em outros planetas

EFE

A Nasa (agência espacial americana) anunciou nesta quinta-feira que seus cientistas encontraram em um lago da Califórnia bactérias que vivem no arsênico, uma descoberta que, segundo eles, amplia a lista de elementos que podem propiciar a vida em outros planetas.

"Todas as formas de vida que conhecemos se compõem, principalmente, de seis elementos: carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo", disse em entrevista coletiva a cientista Felisa Wolfe Simon, do Instituto de Astrobiologia da Nasa, em Menlo Park, no estado americano da Califórnia.

"Nós encontramos uma bactéria que pode substituir o arsênico pelo fósforo", destacou Wolfe Simon, quem nomeou o microorganismo de GFAJ-1.

Nas fotografias mostradas pela pesquisadora, as bactérias que crescem no arsênico têm o aspecto de feijões brancos.

"O que apresentamos a vocês hoje é um micróbio que achamos no Lago Mono da Califórnia e que pode viver no arsênico", explicou a astrobióloga, acabando com as expectativas que precederam à entrevista coletiva.

A convocação da entrevista pela Nasa, que mencionava "uma descoberta de astrobiologia que impactará na busca de vida extraterrestre", tinha alimentado especulações de que a agência haveria achado vida no espaço.

Apesar não cumprir as expectativas, a astrobióloga Pamela Conrad, do Centro Goddard de Voo Espacial, qualificou o achado como "muito interessante". Segundo ela, a descoberta "significa que ainda não sabemos tudo o que precisamos sobre as condições essenciais para sustentar a vida".

"Em termos de vida extraterrestre, o arsênico talvez não seja um dos elementos essenciais, mas também pode ser que seja um entre tantos elementos que, sim, sustentam a vida", acrescentou Conrad.

O professor de ecologia James Elser, da Universidade Estadual do Arizona, disse na teleconferência que o achado abre a possibilidade de trabalhar com organismos que não necessitem de fósforo, elemento que desempenha um papel crucial na agricultura moderna.

"O achado de uma forma de vida que não necessita fósforo é impressionante", declarou.

A descoberta foi assunto de intensas especulações nos blogs tecnológicos, como Gawker e PC World, que falavam nos últimos dias sobre a possibilidade de a agência americana anunciar nesta quinta-feira que havia encontrado vida no espaço.

O principal fator que suscitou as especulações foi a convocação da entrevista coletiva na qual a Nasa anunciava "uma descoberta astrobiológica" que teria impacto na busca de vida extraterrestre.

A descoberta provocará mudanças nessa atividade de busca da Nasa, que até agora só procurou vida em planetas que continham os elementos até hoje considerados imprescindíveis para a existência de qualquer ser.

Segundo a pesquisadora da Nasa, a descoberta permite se pensar que outros elementos químicos poderiam propiciar a vida, não se limitando portanto aos já determinados - carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo.

"Embora esses seis elementos conformem os ácidos nucleicos, as proteínas e os lipídios e, portanto, a maior parte da matéria viva, é possível, teoricamente, que alguns outros elementos da tabela periódica possam cumprir as mesmas funções", ressalta o artigo.

Os pesquisadores acharam nas águas tóxicas e salubres do Lago Mono, na Califórnia, uma bactéria da família Halomonadaceae, que pode substituir completamente o fósforo com arsênico a ponto de incorporar este elemento ao seu DNA.

O arsênico é sumamente tóxico para os organismos vivos - pelo menos os conhecidos até agora - porque prejudica os processos metabólicos embora, do ponto de vista químico, se comporte de maneira similar ao fosfato.

Os cientistas já tinham encontrado antes outros organismos que podiam alterar quimicamente o arsênico. Estes organismos se vincularam ao envenenamento de água subterrânea em Bangladesh e outras partes da Ásia, onde a população recorreu à água de poços ou mananciais para evitar a contaminação de cólera.

Os pesquisadores da Nasa cultivaram a bactéria, que cresce e se multiplica confortavelmente no meio tóxico, em pratos de petri nos quais se substituiu gradualmente o sal de fosfato por arsênico.

O processo continuou até que as bactérias cresceram sem necessidade de fosfato, um elemento essencial na construção de várias macromoléculas presentes em todas as células, inclusive os ácidos nucleicos.

Os cientistas acompanharam de perto o efeito do arsênico na bactéria, desde a ingestão do químico até sua incorporação em vários componentes celulares.

Dessa forma, determinaram que o arsênico tinha substituído completamente o fósforo nas moléculas da bactéria até seu próprio DNA.

"A forma como o arsênico se introduz na estrutura das biomoléculas não está clara, e não conhecemos os mecanismos pelos quais operam tais moléculas", assinalaram os pesquisadores.

"A troca de um dos elementos biológicos maiores pode ter um profundo significado evolutivo e geoquímico", concluem.

Nasa encontra nova forma de vida na Terra

02/12/2010 - 15h28
Nasa encontra nova forma de vida em lago na Califórnia

AFP
Por Kerry Sheridan

WASHINGTON, 2 dezembro 2010 (AFP) - Escondida nas profundezas de um lago na Califórnia, a descoberta de uma bactéria capaz de alimentar-se de arsênico deixou pesquisadores da Nasa boquiabertos, o que deve ampliar a busca por formas de vida na Terra e fora dela.

O estudo, financiado pela Nasa e divulgado esta quinta-feira (2), redefine o que a ciência considera como elementos necessários para a vida, como carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre.

Não apenas revela que as bactérias vivem em arsênico, mas também crescem incorporando o elemento a seu DNA e membranas celulares.

"O que é novo aqui é o arsênico sendo usado como tijolo pelo organismo", explicou Ariel Anbar, coautor do estudo que será publicado na edição online da revista Science Express.

"Nós sempre tivemos a ideia de que a vida existe com estes seis elementos sem exceção e veja só, bem talvez haja uma exceção", afirmou.

A descoberta foi feita por Felisa Wolfe-Simon, uma ex-cientista do grupo de pesquisas de Anbar, na Escola da Exploração da Terra e do Espaço da Universidade Estadual do Arizona.

O vago anúncio da Nasa, feito no início da semana, durante entrevista coletiva, sobre "uma descoberta de astrobiologia que impactaria a busca por evidências de vida extraterrestre", semeou a internet de especulações.

A astrobiologia se dedica ao estudo da vida no universo, inclusive sua origem e evolução, onde está localizada e como pode sobreviver no futuro.

Mas Anbar reconhece que será necessário dar um grande salto para se descobrir vida extraterrestre.

"Estamos mais no começo de tudo", afirmou. "Talvez haja outras exceções sobre as quais devamos pensar a respeito".

"Somos muito influenciados pela vida como conhecemos. Quanto a vida pode ser diferente e ainda funcionar?", questionou.

Alguns anos atrás, Wolfe-Simon, Anbar e o colega Paul Davies começaram a discutir a ideia de que formas diferentes de vida possam existir na Terra, mas por regras biológicas diferentes das nossas, uma noção conhecida informalmente por cientistas como "vida estranha".

O trio de cientistas publicou em 2009 a hipótese de que o arsênico, que aparece diretamente abaixo do fósforo na tabela periódica, poderia substituir o fósforo em formas de vida terrestres.

Wolfe-Simon saiu a campo para testar sua teoria, em colaboração com Ronald Oremland, um renomado especialista mundial em microbiologia.

Ela recolheu sedimentos do lago Mono, conhecido por seus altos índices de sal e arsênico, no leste da Califórnia, e levou o material para o laboratório.

Wolfe-Simon conseguiu fazer uma bactéria conhecida como a cepa GFAJ-1 das família Halomonadaceae Gamoproteobacteria, crescer no laboratório.

"O organismo vem da natureza", disse Anbar. "É uma bactéria conhecida", emendou.

A descoberta pode abrir novos caminhos na pesquisa de doenças e possivelmente novos capítulos em livros de biologia, disseram os cientistas.

"Às vezes você pensa que algo não vai funcionar, mas aí você procura e às vezes encontra", disse Anbar.

"E então você percebe, 'oh, eu não entendia as coisas tão bem quanto pensava'. Isto acontece todo o tempo na ciência. É o que torna as coisas divertidas", concluiu.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

MPF recomenda ao IBAMA não emitir novas licenças para Belo Monte

09/11/2010 - 18h54 / Atualizada 10/11/2010 - 11h22
MPF recomenda ao Ibama não emitir novas licenças para Belo Monte

Do UOL Notícias
Em São Paulo

O Ministério Público Federal (MPF) enviou nesta terça-feira (9) ao presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Abelardo Bayma de Azevedo, uma recomendação para que o órgão não emita novas licenças para a usina de Belo Monte, no rio Xingu, sudeste do Pará.

O argumento é que o governo federal ainda não resolveu questões pendentes da licença prévia que autorizou o leilão da obra, em abril deste ano.

Na época do leilão, o Ibama estabeleceu 40 condicionantes que deveriam ser cumpridas antes da emissão de novas autorizações. As condicionantes determinam que o Poder Público implante obras de infraestrutura em saneamento, saúde e educação nos municípios afetados, além de demarcar terras indígenas e adotar medidas de compensação ambiental, entre outras ações.

De acordo com os procuradores em Altamira (PA), “a maioria das condicionantes encontra-se, se não no marco zero, muito aquém do previsto”. “É de total incerteza sobre o cumprimento das condicionantes e sobre os danos que com isso serão causados”, afirmam Cláudio Terre do Amaral e Bruno Alexandre Gütschow, que assinam a recomendação.

Tipos de licença
A legislação brasileira prevê três tipos de licenças ambientais para grande empreendimentos: a licença prévia, que estabelece a viabilidade do projeto e determina as condições para a realização da obra; a licença de instalação, que autoriza o início da obra desde que as condicionantes tenham sido cumpridas; e a licença de operação, emitida após a conclusão das obras.

Segundo a recomendação, a aprovação de novas licenças contraria as leis do país. “É inadmissível juridicamente a expedição dessa nova licença [de instalação], porque relegaria a decisão por cumprir as condicionantes para um momento posterior”, diz o texto.

“Não existe no ordenamento jurídico brasileiro o instituto da licença parcial de instalação (ou qualquer outro instrumento com outro nome) que permita que se inicie a implementação de um empreendimento com impactos de grandeza regional ou nacional em caráter precário”, afirmam os procuradores.

O Ministério de Minas e Energia, responsável pela obra, afirmou que não pode se pronunciar antes de ter acesso a recomendação enviada ao Ibama.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Para Lula, aumento dos salários do Congresso e de Dilma é justo

09/11/2010 - 18h55
Para Lula, aumento dos salários do Congresso e de Dilma é 'justo'

SIMONE IGLESIAS
ENVIADA A MAPUTO (MOÇAMBIQUE)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que é "justo" e "necessário" o reajuste dos salários do Executivo e do Legislativo.

Lula argumentou que o fim da legislatura é o momento certo de aprovar aumento de salários.

Segundo reportagem publicada hoje na Folha, deputados e senadores já defendem aumentar os próprios salários e, por tabela, reajustar também o da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT).

Lula endossa o argumento. Para ilustrar, lembrou de episódio que ocorreu quando foi eleito em 2002, ano em que o Congresso reajustou seus vencimentos e desconsiderou a Presidência da República. Irritado, afirmou que foi vítima de "sacanagem".

"Fizeram uma sacanagem comigo, em 2002. Aprovaram [aumento] só para a Câmara e para o Senado e não aprovaram para o presidente da República. Eu não reclamei", disse o mandatário durante viagem a Moçambique, na África.

Lula contou que no dia 2 de janeiro, logo depois de assumir o mandato, o então presidente do Senado Ramez Tebet (PMDB-MS), já falecido, foi à sua sala dizer que tinha encontrado uma brecha para garantir reajuste.

"Eu respondi: olha, meu filho, pode deixar prá lá porque eu não quero como primeira medida um aumento do presidente. Fique tranquilo. Ganho pouco, mas ganho mais do que ganhava na Vilares [metalúrgica que Lula trabalhou em SP]. Fique tranquilo."

Fonte: Folha.com

Marina Silva critica proposta de recriação da CPMF

09/11/2010 - 17h55
Marina Silva critica proposta de recriação da CPMF sem reforma do sistema tributário

DE SÃO PAULO

Desferindo críticas à proposta de recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), a senadora Marina Silva (PV), que ficou em terceiro na disputa presidencial, divulgou um texto em seu blog e em seu perfil do Twitter onde atribui a ideia de recriar o tributo à preguiça de repensar o sistema tributário como um todo.

Para Marina, há uma "baixa disposição" dos governantes recém eleitos em se empenharem efetivamente pela reforma tributária e pela regulamentação da Emenda 29, que disciplina gastos e amplia os recursos para saúde.

Marina insinua que Dilma irá ceder pela recriação da CPMF, ao afirmar que a presidente eleita não oferece "muita resistência a essa vontade".

O financiamento da saúde pública no Brasil foi muito discutido durante as campanhas presidenciais, da qual Marina participou como candidata pelo Partido Verde. Segundo Marina, na época, todos os presidenciáveis se propuseram, de diferentes formas, a regulamentar a emenda 29, que determina a aplicação na saúde de 10% dos impostos federais, 12% dos estaduais e 15% dos municipais.

Para a verde, sem a regulamentação da Emenda, a criação do novo tributo para a saúde abre "uma brecha para uma mera artimanha fiscal --dar outro destino para os recursos hoje comprometidos com a saúde pública".

Em seu texto, Marina ainda cita reportagem da Folha que divulgou que, desde a derrota da prorrogação da CPMF, a arrecadação no país aumentou duas vezes mais do que o valor da cobrança da contribuição. Ainda assim, os recursos para atendimento médico continuaram os mesmos.

"A solução para a melhoria da qualidade da saúde, portanto, não se resume em arrecadar mais, mas na determinação política de destinar os recursos existentes nos orçamentos federal e estaduais para implementar um serviço que atenda às necessidades da população."

Fonte: Folha.com

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Seca no Amazonas aumenta número de peixes-boi mortos

05/11/2010 - 21h43
Com seca no Amazonas, número de peixes-boi mortos chegam a 300

KÁTIA BRASIL
DE MANAUS

O Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Amazonas informou nesta sexta-feira que a matança de peixes-boi por caçadores está sem controle no Estado. Ao menos 300 animais foram mortos desde setembro, quando a seca se intensificou no Amazonas.

Nesta época do ano, o animal busca refugio nos lagos. Com a estiagem, os lagos secaram. Os animais, que atingem 3 m de comprimento e pesam até 450 kg, se tornaram presas fáceis.

O peixe-boi é considerado pelo Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) o mamífero aquático mais ameaçado de extinção do Brasil. Sua caça é considera um crime ambiental.

A polícia chegou ao número com base em depoimentos de agentes ambientais, que são ribeirinhos que trabalham voluntariamente na proteção dos animais e denunciaram a matança.

Um dos relatos chegou nesta sexta-feira ao Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Segundo o instituto, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piaguçu Purus (400 km de Manaus) os caçadores mataram ao menos 200 peixes-bois. "Isso significa dizer que são 30 toneladas de carne para comercializar. Isso é um caso de polícia", afirma o pesquisador Anselmo d'Affonseca.

Conforme os depoimentos, no município de Silves (203 km de Manaus) 64 animais foram mortos. Treze animais morreram em Manacapuru (80 km da capital) e dois em Tefé (525 km da capital).

O comandante do Batalhão Ambiental, major Miguel Mouzinho Marinho, afirmou que três equipes foram deslocadas hoje para os municípios de Silves, Codajás e Manacapuru. Ele disse que os policiais não têm como chegar à região do Piaguçu Purus por falta de navegabilidade dos rios. "Infelizmente perdemos o controle [da situação]. A natureza levou anos para recuperar [a espécie] e agora ocorreu essa matança", afirmou Marinho.

Segundo o pesquisador do Inpa Anselmo d'Affonseca, passa bem o filhote de peixe-boi resgatado no lago do Ariaú, em Iranduba. O animal chegou ao Inpa na quarta-feira. É uma fêmea que tem dois anos de idade e 64 kg. "O caçador matou a mãe e o filhote não morreu porque os agentes ambientais o resgataram", disse.

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piaguçu Purus é administrada pelo Ceuc (Centro Estadual de Unidades de Conservação). As famílias da reserva recebem R$ 50 do programa Bolsa Floresta, da Fundação Amazônia Sustentável.

Fonte: Folha.com

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Um quinto de mamíferos, aves e anfíbios está ameaçado de extinção

04 de novembro de 2010
Um quinto de mamíferos, aves e anfíbios está ameaçado de extinção
Alerta é da conferência sobre diversidade biológica realizada no Japão

por John Platt

Um quinto dos vertebrados do mundo está ameaçado de extinção. Esse foi o tema da 10 ª Conferência da Convenção sobre Diversidade Biológica que ocorreu no Japão este ano, durante a qual uma equipe de 174 cientistas apresentou uma avaliação do risco espécies de vertebrados de todo o mundo.

Segundo o estudo, publicado no 28 de outubro na revista Science, o número de espécies ameaçadas de extinção aumentou dramaticamente nas últimas quatro décadas, ultrapassando a "taxa de fundo" normal de extinção. A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas conta, atualmente, com 25.780 vertebrados ameaçados, e uma média de 52 espécies tornam-se ameaçadas a cada ano (com base nas categorias de risco da IUCN).

"A espinha dorsal da biodiversidade está sendo destruída", declarou o entomologista da Harvard University, Edward O. Wilson. "Um pequeno passo até a Lista Vermelha é um salto gigantesco para a extinção.”

Mas os esforços de conservação atuais estão longe de serem adequados. De acordo com um segundo estudo, também apresentado na conferência e publicado na mesma edição da Science, o mundo teria de gastar 10 vezes mais do que atualmente gasta com a conservação, a fim de deter a extinção de muitas espécies. "Não há dúvida de que as vias de desenvolvimento de negócios como de costume, levarão à perdas catastróficas da biodiversidade", disse um dos principais autores do segundo estudo, Paul Leadley da Universidade de Paris-Sud. "Mesmo os cenários otimistas para esse século consistentemente preveem extinções e diminuição da população de muitas espécies."

Os autores ressaltam que todas as mudanças nas espécies de tamanho da população e distribuição refletem na saúde e no bem-estar da espécie dominante do planeta: os seres humanos. Se as espécies estão em vias de extinção, é uma indicação da saúde a longo prazo de nossa própria espécie, e precisamos estar conscientes do impacto que causamos em nosso próprio ecossistema.

Fonte: Scientific American Brasil

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Piauí quer inclusão dos biomas da Caatinga e Cerrado no Fundo Clima

03/11/10, 18:07
Piauí quer inclusão dos biomas da Caatinga e Cerrado no Fundo Clima
Semar defende início do Zoneamento Ecológico e Econômico da Caatinga, bioma exclusivo do Brasil

O Piauí encaminhará projetos para a realização do Zoneamento Ecológico e Econômico (ZEE) dos biomas da Caatinga e dos Cerrados, visando captar verbas do Fundo Nacional sobre Mudança Climática. A informação é do secretário do meio ambiente e recursos hídricos do Piauí, Dalton Macambira.

Ele participou em Brasília da solenidade de assinatura pelo presidente Lula do decreto que regulamenta o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, o primeiro no mundo a utilizar recursos oriundos da participação especial dos lucros da cadeia produtiva do petróleo para financiar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e seus efeitos.

Segundo o secretário, outro projeto de importância para o Piauí e que se tentará captar recursos do Fundo Clima é o que visa ampliar o trabalho de combate às áreas degradadas nos municípios de Gilbués e Santa Filomena, extremo sul.

De acordo com o decreto, para 2011, o Comitê dispõe de um orçamento de R$ 226 milhões, sendo R$ 200 milhões reembolsáveis para empréstimos e financiamentos voltados para a área produtiva, cujo agente financeiro será o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os outros R$ 26 milhões serão administrados pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente) para investir em projetos de pesquisa, mobilização e avaliações de impacto das mudanças do clima, podendo ser repassados para estados e municípios por meio de convênios e termos de cooperação. Trata-se do orçamento inicial, podendo o Fundo ainda receber recursos de outras fontes, inclusive doações internacionais, que venham a ser estabelecido no âmbito da Convenção do Clima.

“A importância da regulamentação desse fundo para o Piauí consiste justamente no fato de agora existir verba que podemos captar por meio de projetos. Vamos aprontar os projetos para solicitar os recursos dentro que está sendo disponibilizado”, finalizou o secretário.

Fonte: cidadeverde.com

Sudeste da Amazônia pode virar savana se estiagens persistirem

03/11/2010 - 09h14
Sudeste da Amazônia pode virar savana se estiagens persistirem, alerta pesquisa

CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA

Uma sucessão de secas como a de 2010 seria capaz de transformar a porção sudeste da Amazônia em savana. A conclusão é de uma dupla de pesquisadores do Brasil e da Colômbia, que calculou pela primeira vez qual é a redução na quantidade de chuvas necessária para desestabilizar a floresta.

Como tudo o mais que envolve efeitos do aquecimento global sobre os ecossistemas, a conta não é simples e envolve várias interações. Mas Luis Fernando Salazar, da Universidade Industrial de Santander (na Colômbia), e Carlos Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), estimam que reduções de precipitação de 35% no sudeste da Amazônia e de 40% no nordeste bastariam para ampliar a estação seca (o "verão" amazônico) para quatro meses, transformando a vegetação em savana.

Num cenário futuro de aquecimento da Terra, no qual as temperaturas médias amazônicas subissem 4ºC, tal redução de chuvas é perfeitamente plausível. Basta lembrar que as secas prolongadas de 2005 e deste ano viram reduções tão grandes ou maiores do que essas. "É como se no futuro o que aconteceu neste ano de 2010 passe a ser o padrão", disse Nobre à Folha.

EFEITO CO2

Em um estudo publicado no periódico científico "Geophysical Research Letters", a dupla de pesquisadores usa um modelo computacional de clima e vegetação e analisa a resposta da floresta a diferentes níveis de temperatura e precipitação. Mas, claro, num mundo aquecido não são apenas temperatura e chuva que variam: um dado que estudos do tipo ainda não haviam computado, é o efeito do CO2 a mais sobre a floresta.

O gás carbônico, como qualquer criança sabe, é fundamental para a fotossíntese. Ao mesmo tempo em que ajudam a esquentar o planeta, as emissões humanas do gás fertilizam as plantas.

O problema, conta Nobre, é que ninguém sabe qual é o efeito de fertilização do gás sobre a floresta amazônica."O ponto de não-retorno depende do efeito de fertilização", diz o pesquisador. "E os dados não nos permitem dizer que seja zero."

Ele e Salazar, então, montaram três cenários de resposta da floresta: um com zero fertilização, outro no qual o efeito é 100% (também improvável) e um intermediário, com fertilização de 25%.

No cenário intermediário, o aumento de temperatura de 4ºC e uma redução de 35% nas chuvas transformariam todo o sudeste amazônico numa savana empobrecida.

O efeito é máximo no sudeste (sul do Pará, Tocantins e Mato Grosso) e mínimo no noroeste (Amazonas). "Lá chove quatro metros por ano, se cair para dois metros ainda dá para sustentar uma floresta", diz Carlos Nobre.

"Mesmo que a temperatura suba 7ºC, o efeito do CO2 compensaria esse aumento", afirma o cientista.

Fonte: Folha.com

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Um em cada cinco cidades do Piauí teve prefeito cassado

02/11/2010 - 18h38
Um em cada cinco cidades do Piauí teve prefeito cassado

DA AGÊNCIA BRASIL

O Piauí --Estado com a pior taxa de analfabetismo funcional e a terceira menor renda per capita do país-- teve prefeitos cassados em quase 20% de suas 224 cidades depois das últimas eleições municipais.

Segundo o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Estado, a maioria das 42 cassações foi por conta de abuso de poder político e compra de votos.

O último caso, a cassação do prefeito de Teresina, capital do estado, foi publicado ontem (1º) no Diário da Justiça Eleitoral. Oito dos 42 municípios tiveram novas eleições e em quatro o TRE determinou a posse do segundo colocado, tendo em vista que o prefeito cassado não obteve mais de 50% dos votos válidos.

Os municípios de Cristalândia e Dom Expedito Lopes terão novas eleições no próximo domingo (7). Em Oeiras, o pleito será realizado no dia 14 de novembro. No restante, os eleitos em 2008 continuam no cargo por força de liminar, aguardando decisão final do TRE ou do Tribunal Superior Eleitoral.

O cientista político Vitor Sandes, professor da Universidade Federal do Piauí, disse que o grande número de cassações é um fato recente no estado e se deve à fiscalização mais efetiva do Judiciário sobre práticas ilícitas, mas corriqueiras. "Os prefeitos mantêm práticas que podemos chamar de não republicanas e acabam sendo pegos de calças curtas porque houve aumento da fiscalização. Essa é uma tendência que gera práticas mais cuidadosas", afirmou.

Fonte: Folha.com

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Emissões brasileiras de gases estufa aumentaram cerca de 60% entre 1990 e 2005

26/10/2010 - 14h41
Emissões brasileiras de gases estufa aumentaram cerca de 60% entre 1990 e 2005

DA AGÊNCIA BRASIL

As emissões brasileiras de gases de efeito estufa aumentaram cerca de 60% entre 1990 e 2005, passando de 1,4 gigatoneladas para 2,192 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente (medida que considera todos os gases de efeito estufa). O número foi apresentado nesta terça-feira pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, durante a reunião anual do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

O novo inventário nacional de emissões será apresentado à Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas antes da próxima Conferência das Partes (COP), em novembro, em Cancún, no México. O balanço faz parte da Segunda Comunicação Nacional à Convenção --um relatório do que o Brasil tem feito para mitigar as causas e atenuar os impactos do aquecimento global.

O inventário anterior trazia os dados de 1990 a 1994. Para este ano, o compromisso assumido com a ONU era apresentar dados até 2000. Mas o governo brasileiro decidiu avançar e agregar números até 2005.

O desmatamento ainda é o principal vilão das emissões nacionais de gases de efeito estufa. O setor de mudança no uso da terra e florestas é responsável por 61% do total de emissões. A agricultura aparece em seguida, com 19% das emissões nacionais e o setor de energia é responsável por outros 15%.

O inventário também contabiliza emissões da indústria e do tratamento de resíduos, responsáveis por 3% e 2% do total nacional, respectivamente.

Rezende também apresentou uma estimativa das emissões brasileiras em 2009, que não será levada à ONU. Pelos cálculos, no ano passado, o Brasil teria emitido 1,775 gigatoneladas de CO2 equivalente, 33% a menos que em 2005. A queda, segundo o ministro, se deve principalmente à redução do desmatamento na Amazônia nos últimos anos, somada à manutenção do nível de crescimento de emissões nos outros setores.

Fonte: Folha.com

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Rios Solimões e Amazonas têm maior seca da história

22/10/2010 - 17h53
Rios Solimões e Amazonas têm maior seca da história

Guilherme Balza
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Em razão da estiagem na região Amazônica, os rios Solimões e Amazonas registraram, nos últimos dias, os menores níveis desde que as medições começaram a ser feitas, segundo o boletim semanal do Serviço Geológico do Brasil em Manaus (CPRM), divulgado nesta sexta-feira (22). O rio Negro deve bater o recorde de vazante nesse domingo. A seca no Amazonas atinge pelo menos 62 mil famílias e obrigou 38 municípios a decretar situação de emergência.

Segundo a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), o rio Solimões alcançou o menor nível da história nos três principais pontos de medição: Tabatinga, na divisa com a Colômbia; Itapeua, ponto situado no centro do Estado, no curso médio do rio; e Careiro, a 24 km a leste de Manaus.

Em Itapeua e Careiro, os recordes foram alcançados na terça (19) e na quarta-feira (20), respectivamente, quando os níveis chegaram a 1,32 m e 1,68 m. O recorde anterior em Itapeua --onde as medições são feitas desde 1970-- foi de 2,30, em 1998, e, em Careiro --com medições desde 1970-- de 2,14 m, em 1997. Já em Tabatinga o menor nível foi observado no dia 11 de outubro, quando o nível chegou a -86 cm. O local mede o nível desde 1982.

No rio Amazonas --formado a partir do encontro dos rios Negro e Solimões--, o recorde foi quebrado também na quarta-feira (20) no principal ponto de medição, que fica em Parintins (a 315 km a leste de Manaus). O nível do rio chegou a -162 cm, superando em 10 cm a marca anterior, registrada em 1997. As medições são feitas em Parintins desde 1970.

Tanto no rio Solimões, quanto no Amazonas, o nível do rio continuará diminuindo nos próximos dias, de acordo com a previsão da CPRM.

O rio Negro também deve alcançar o menor nível até domingo (24). Nesta sexta, o rio mediu 13,80 m em Manaus, apenas 16 cm a mais do que o recorde histórico, registrado em 1963 (13,64 m). As medições são realizadas na capital amazonense desde 1903.

Segundo Daniel de Oliveira, gerente de hidrologia da CRPM, de ontem para hoje, o nível diminuiu 13 cm. Na primeira metade da semana, a redução ficou entre 16 cm e 20 cm entre um dia e outro.

“O maior impacto da seca é na navegação. Há lugares em que as balsas não chegam, e os moradores ficam sem combustível para gerar luz. O preço dos alimentos sobe porque, com a seca, as embarcações precisam fazer mais curvas, o que eleva o tempo de viagem”, afirma Oliveira.

62 mil famílias atingidas
Dos 62 municípios do Amazonas, 38 (mais de 60% do total) decretaram situação de emergência em razão da estiagem que atinge o Estado. Cerca de 62 mil famílias estão isoladas ou tiveram suas atividades de subsistência prejudicadas por conta da seca, segundo dados da Defesa Civil Estadual.

Hoje, o Ministério da Integração Nacional autorizou o repasse de R$ 23 milhões para a adoção de medidas de socorro no Amazonas. Os recursos serão empregados na aquisição de cestas básicas, filtros purificadores, motobomba, equipamentos para fornecimento de água potável e barracas, além da locação de carros-pipa e caminhões.

A Força Aérea Brasileira e a Defesa Civil já distribuíram 600 toneladas de kits com cestas básicas, produtos de higiene e medicamentos para 38 mil famílias. A distribuição foi feita a partir de três pólos, localizados em Tabatinga, que fica no Alto Solimões, na divisa com a Colômbia; Tefé, no Médio Solimões, região central do Estado; e Cruzeiro do Sul, localizado no Acre, na divisa com o Amazonas.

Foram atendidas 10 mil famílias nos municípios de Tabatinga, Atalaia do Norte, Benjamim Constant, São Paulo de Olivença, Santo Antônio do Iça e Tonantins. Outras 12 mil famílias receberam ajuda em Tefé, Alvarães, Coari, Fonte Boa, Jutaí, Uarini e Juruá. Na região de Cruzeiro do Sul, foram atendidas 5.200 famílias nos municípios de Boca do Acre, Envira, Guajará, Ipixuna e Itamarati, todas na calha do rio Juruá.

A Defesa Civil e a Força Aérea já deram início à segunda fase de distribuição de ajuda humanitária. O foco agora serão 22 mil famílias que residem em 17 municípios às margens do curso Médio e Baixo Solimões, rio Madeira e no Baixo Amazonas, incluindo a região de Manaus.

Previsão climática
Segundo o meteorologista Gustavo Ribeiro, do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), a elevação do nível dos rios depende da quantidade de chuva nos próximos meses e não sofre influência das condições do tempo nos próximos dias. “A previsão do tempo nos próximos dias não interfere nos rios, por mais que chova muito. Para que modifique a situação, é preciso que chova nos próximos meses.”

O prognóstico do Sipam para os próximos meses indica que o volume de chuvas tende a aumentar do final de outubro até dezembro, sobretudo na faixa que vai do Noroeste da Amazônia, no Alto Rio Negro, até o Mato Grosso, passando pelas regiões mais afetadas pela seca atualmente.

“Terras caídas”
A estiagem favorece ainda o fenômeno das “terras caídas”, que provocam deslizamentos de terra nas margens dos rios. Foram registrados, nas últimas duas semanas, ao menos quatro deslizes em São Paulo de Olivença, Manaus Iranduba e Manacapuru.

Em Manacapuru, os bombeiros localizaram, na manhã de ontem, o corpo Beatriz da Silva Leite, 10, vítima do deslizamento, que ocorreu na madrugada da última terça. O corpo do bebê Anderson da Silva Leite, 1, irmão de Beatriz, já havia sido encontrado um dia antes. As equipes procuram ainda Silvana Leite, 5, irmã das outras crianças já localizadas. Cerca de 70 casas foram atingidas na comunidade de Terra Preta.

Os bombeiros também procuram Silvio Barbosa, 31, e Pedro Paulo da Silva, 63, que trabalhavam no Porto Chibatão, onde uma porção de terra deslizou na noite do último domingo e afundou 60 contêineres e 40 baús de carga. Ainda não há uma estimativa do prejuízo. No local, estava sendo feita uma obra de terraplanagem.

O geólogo Antonio Gilmar Honorato, do Serviço Geológico Nacional em Manaus, afirmou que há uma espécie de “caminho d’água” que passa embaixo da porção de terra que deslizou. “É possível que esse caminho d’água tenha causado uma ruptura, e o muro de contenção não tenha resistido à carga”, diz. De acordo com ele, não é possível dizer se havia alguma irregularidade na obra de terraplanagem.

Até o momento, a Defesa Civil não divulgou as causas do deslizamento e os impactos ambientais causados na região. A Polícia Civil iniciará uma perícia nos próximos dias. Também não há uma estimativa do prejuízo causado.

O porto Chibatão é o maior complexo portuário privado do Amazonas e está localizado à margem esquerda do rio Negro, com uma área de 217 mil metros quadrados. Os equipamentos que afundaram carregavam insumos para o comércio e polo industrial de Manaus. De acordo com os bombeiros, não houve derramamento de produtos químicos no rio.

Na terça-feira, um outro deslizamento atingiu o município de Iranduba (a 22 km de Manaus), que fica na margem direita do rio Negro. Segundo o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas e danos materiais. Há duas semanas, em São Paulo de Olivença, 25 casas foram totalmente destruídas e 39 ficaram danificadas por deslizamentos de terra provocados pelo baixo nível do rio Solimões.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Vacinação contra raiva é suspensa em todo o país

07/10/2010 - 19h26
Vacinação contra raiva é suspensa em todo o país

DE SÃO PAULO

O Ministério da Saúde decidiu suspender nesta quinta-feira as campanhas de vacinação de cães e gatos contra raiva em todo o país. A decisão foi tomada após resultados preliminares de testes indicarem a ocorrência de efeitos graves e mortes de animais depois da vacinação. Em São Paulo, a vacinação está suspensa desde agosto, após o registro de reações adversas.

O Ministério da Saúde recebeu a análise parcial da investigação laboratorial feita pelo Ministério da Agricultura na quarta-feira (6). A investigação, realizada com cobaias, indicou a ocorrência de efeitos que até então não eram previstos na literatura científica. Entre os efeitos observados estão hemorragia, dificuldade de locomoção, hipersensibilidade de contato e intensa prostração.

Com base nos resultados, o Ministério da Agricultura recomendou a interrupção temporária do uso da vacina, como medida cautelar, até que a investigação seja concluída. Os resultados preliminares indicam alterações apenas nas amostras colhidas nos Estados. Desde julho, a vacinação foi iniciada em 22 Estados e no Distrito Federal --foram vacinados 7,9 milhões de animais. De 12 de agosto a 6 de outubro, 12 Estados notificaram ao ministério 1.401 eventos graves envolvendo animais --com 217 mortes.

De acordo com a pasta da Saúde, as alterações graves não haviam ocorrido nos testes iniciais feitos para a liberação da vacina, nem na contraprova de amostras mantidas em estoque.

O diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, afirma que as informações sobre ocorrência de mortes e casos graves disponíveis até a última quarta-feira (29) não eram suficientes para suspender a vacinação.

Segundo Hage, embora os dados parciais ainda não sejam suficientes para afirmar a causa das mortes, elas estão associadas temporalmente à vacina, pois os sintomas nos animais começaram em até 72 horas após a aplicação, além de ter ocorrido aumento de notificações por parte dos Estados nesta semana.

"Até então, tínhamos relatos de mortes e casos graves nos Estados, mas sem evidências de estudos controlados em laboratório. Agora que temos essas informações, mesmo que preliminares, decidimos suspender a vacinação preventivamente, até que os estudos sejam concluídos", disse.

A vacina que está sendo analisada é a RAI-PET, produzida pelo laboratório Biovet, que desde 2003 tem registro no Ministério da Agricultura --responsável pela realização de testes de qualidade nas vacinas utilizadas em animais. Para a campanha de vacinação antirrábica em cães e gatos de 2010, o Ministério da Saúde comprou 30,9 milhões de doses da vacina, por R$ 23,4 milhões.

Do total de doses, já foram distribuídas 22,6 milhões aos Estados e o restante está em estoque. Com a suspensão da campanha, as secretarias estaduais e municipais de Saúde devem manter as vacinas acondicionadas em ambiente refrigerado, entre 2º C e 8° C, até a conclusão dos estudos.

A vacina utilizada até o ano passado --Fuenzalida & Palacios--, assegurava proteção durante seis a sete meses. Ela foi trocada, de acordo com a Saúde, para que fosse feita apenas uma campanha anual.

SÃO PAULO

O Estado de São Paulo suspendeu da vacinação no dia 19 de agosto, após técnicos constatarem um número de reações adversas acima do observado em anos anteriores. O Ministério da Saúde, porém, afirmou que não havia problemas com a vacina e recomendou que a campanha deveria continuar.

No fim de setembro, investigação realizada pela Coordenadoria de Controle de Doenças e pelo Instituto Pasteur, da Secretaria da Saúde de São Paulo, confirmou que a vacina usada neste ano na campanha contra a raiva foi a responsável pelas reações. As reações já haviam sido confirmadas em nota técnica do Ministério da Saúde.

Fonte: Folha.com

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Curadoria alerta SEMAR para não dar licenças na Mata Atlântica do Piauí

23/09/10, 20:01
Curadoria alerta Semar para não dar licenças na "Mata Atlântica"
Governo do Estado ainda contesta mapa do IBGE que define mais de 66% da área de Teresina como Mata Atlântica.

A Curadoria do Meio Ambiente expediu recomendação ao secretário estadual de Meio Ambiente, Dalton Macambira, e ao superintendente e diretora da mesma pasta, Carlos Antônio Moura Fé e Fernanda Almeida Moita, respectivamente. A intenção é alertar para risco de improbidade administrativa caso emitam licenças ambientais a empreendimentos ou autorizações para desmatamentos em área considerada Mata Atlântica, sem seguir as normas para tal. A definição da vegetação no Piauí é contestada pelo Governo desde o início do ano, quando foi divulgada.

A recomendação é assinada pela promotora Maria Carmen Cavalcanti de Almeida, da 30º Promotoria de Justiça, com base em mapa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Nele, 66,58% da área de Teresina seria de Mata Atlântica e teria uma série de restrições para sofrerem intervenções do homem. Após a divulgação do mapa em fevereiro deste ano, o Governo do Estado enviou questionamento para o Ministério do Meio Ambiente, que ainda não deu resposta sobre o assunto.

Informado sobre a recomendação datada de 22 de setembro de 2010, Dalton Macambira disse que não poderia se pronunciar por ainda não ter recebido a mesma. Ele afirmou, no entanto, que já respondeu recomendação feita pela mesma promotora na semana passada também relacionada à questão. O secretário argumentou que contesta a existência da vegetação no Piauí e alega que, segundo levantamentos feitos da Semar, não há qualquer espécie da Mata Atlântica no Estado.

A nova recomendação diz que a Semar informou não ter acatado a recomendação anterior "por não estarem de acordo com os fundamentos da mesma". Considera ainda que "com fundamento nos princípios constitucionais da legalidade e da moralidade é dever do Gestor Público cumprir as normas e não defender teses ou rebater mapas", e sim cumprir o que determina a lei.

Fonte: cidadeverde.com

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Catástrofe em 2012: como uma tempestade solar pode afetar a Terra

22 de Setembro de 2010
Catástrofe em 2012: como uma tempestade solar pode acabar com a energia elétrica na Terra
Imagine como seria viver sem energia elétrica justamente quando somos totalmente dependentes dela. Em breve, isso pode acontecer.

Por Eduardo Karasinski

Hoje estamos no que chamamos de “A Era Espacial”. O ser humano conseguiu grandes avanços tecnológicos que mudaram seus hábitos intensamente. Dependemos da eletricidade e de sistemas de comunicação para absolutamente tudo em nosso dia a dia.

O problema é que não podemos controlar todos os fenômenos da natureza terrestre e, menos ainda, da espacial. Porém, uma previsão catastrófica para os próximos anos parece mostrar atividades solares extremas, que podem ocasionar destruições e vários tipos de calamidades em nosso planeta. As maiores vítimas somos nós, dependentes da tecnologia.

Tempestades solares

Apesar de parecer uma catástrofe que ocorre com intervalos enormes de tempo, as atividades solares magnéticas são frequentes. São elas que ocasionam a Aurora Boreal em regiões próximas aos polos. O que varia é a força dessas explosões e tempestades.

Em março de 1989, a vítima foi a província do Quebec, no Canadá. Em apenas 90 segundos, seis milhões de pessoas foram atingidas por um apagão completo. Isso acarretou diversos acidentes, principalmente no trânsito, assim como a falta de aquecimento em pleno inverno intenso. O blecaute durou cerca de nove horas e ocorreu devido à explosão de diversos transformadores.

Entretanto, a pior tempestade solar de que se tem notícia ocorreu em setembro de 1859. Foi três vezes mais forte do que a que atingiu o Quebec e destruiu telégrafos na América do Norte e na Europa.

Como ocorre a tempestade solar

O Sol tem toda sua energia sendo gerada no núcleo, com temperaturas que alcançam 15 milhões de graus centígrados. Com fusões nucleares, 5 milhões de toneladas de energia são geradas, junto com um magnetismo intenso. São esses enormes campos magnéticos que criam curvas sobre a superfície solar, que são esticadas e distorcidas em todos os sentidos de maneira irregular.

Quando as curvas colidem, um curto-circuito ocorre e faz com que toda a energia seja liberada. O ciclo magnético solar é de 22 anos, com manchas que atingem seu ápice a cada 11 anos. O fenômeno, chamado de "Máximo Solar", permite que aumentem bastante as chances de ocorrer uma tempestade.

As atividades solares acontecem com frequência, mas nós não as sentimos porque a Terra tem um campo magnético que protege o planeta, chamada de Magnetosfera. O problema é que, dependendo da intensidade de uma dessas tempestades, o “escudo” é arrancado e comprimido em grande parte, permitindo que os efeitos possam ser devastadores.

Depois de uma tempestade radioativa causada pela energia solar, o último “ataque” — e também o pior — é uma explosão da CME (emissão de massa coronal), uma nuvem de gás eletrificado de um bilhão de toneladas. O fenômeno leva entre 4 e 7 dias para chegar ao planeta e não é possível medir sua força.

Quais as consequências de uma forte tempestade solar

Uma tempestade solar leva 8 minutos para chegar à Terra, mas já no início acarreta um carregamento eletromagnético sobre o planeta. Isso faz com que qualquer coisa em órbita corra perigo. Satélites, por exemplo, despencam de volta ao solo, enquanto que aviões perdem as comunicações por rádio.

Em seguida, uma tempestade radioativa atinge o planeta e provoca estragos enormes, pois traz consigo prótons de alta energia capazes de detonar equipamentos eletrônicos. O que e quem estiver no solo é protegido pela força da atmosfera. Porém, o maior problema fica para os astronautas que estiverem fora da atmosfera, pois a radiação intensa é fatal, de maneira que eles têm poucos minutos para conseguirem se proteger.

Os satélites de GPS sofrem sobrecargas e não conseguem mais enviar sinais normais. Sem sistemas de localização, os aviões que estiverem sobrevoando os céus se perdem e seus motores começam a falhar.

Quando a CME finalmente chega ao planeta, seu impacto causa uma sobrecarga extrema em equipamentos elétricos, principalmente nos gigantescos transformadores que distribuem a energia para as cidades. Isso faz com que eles simplesmente explodam e deixem tudo na escuridão total. Seria um blecaute mundial.

O mundo sem energia elétrica

Todo mundo que já presenciou uma breve queda de luz sabe como é terrível ficar horas sem energia elétrica. O problema é que a destruição dos transformadores faria grandes cidades ficarem no escuro por meses e até anos. O motivo é simples: além do alto custo, levaria entre um a dez anos para substituir as redes elétricas danificadas.

Além das comunicações que já teriam sido prejudicadas há algum tempo, sistemas de iluminação das cidades e aquecimento parariam de funcionar. A ausência das redes de sinalizações, como semáforos para carros e trens transformariam a cidade em um caos total e causariam muitos acidentes gravíssimos no início.

Hospitais e outros serviços de emergência, apesar de contarem com geradores de energia, só funcionariam por três dias, de forma que pacientes mais frágeis não seriam capazes de sobreviver. Qualquer equipamento hospitalar dependente da eletricidade não poderia ser utilizado.

Boa parte dos fornecimentos de água e comida seria cortada. O tratamento da água e dos esgotos não poderia funcionar, deixando a população gravemente enferma; doenças como hepatite, disenteria e febre alta se alastrariam.

Formas de evitar a catástrofe

Com a probabilidade alta de que a próxima tempestade solar seja devastadora, cientistas estudam diversas formas de prever da melhor maneira possível quando ela pode acontecer. O satélite japonês Hinode, lançado em 2006, é capaz de analisar campos magnéticos complexos do sol para saber quando os fenômenos podem ocorrer.

Mas a estrela da vez é o satélite duplo STEREO, da NASA (foto acima), colocado em posições estratégicas no espaço para prever da melhor maneira possível quando e como uma tempestade pode atingir nosso planeta.

Se soubermos o momento em que os fenômenos devem ocorrer, é possível desligar com antecedência as grandes estações de energia até que a tempestade passe. Dessa forma, não haveria estragos significativos no abastecimento. Seria como um blecaute preventivo forçado.

As tempestades solares parecem temas de ficção científica, tamanha a complexidade e os danos ocasionados. Entretanto, são um fato comprovado. A previsão é de que um "Máximo Solar" seja alcançado em 2012, com proporções enormes.

Mesmo que a próxima tempestade solar não tenha tanta magnitude, isso deve acontecer algum dia. Tudo depende de como vamos nos preparar para encarar a situação. Você está pronto para lidar com a falta de energia?

Fonte: NASA

Leia mais no Baixaki: http://www.baixaki.com.br/tecnologia/5484-catastrofe-em-2012-como-uma-tempestade-solar-pode-acabar-com-a-energia-eletrica-na-terra.htm#ixzz1GeDyN5pp

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Cerca de 70% do país está sob risco crítico de fogo

27/08/2010 - 17h36
Cerca de 70% do país está sob risco crítico de fogo, aponta Inpe

Raquel Maldonado*
Do UOL Notícias
Em São Paulo

As altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar registradas nas últimas semanas deixaram cerca de 70% de todo o território nacional sob risco crítico de fogo nesta sexta-feira (27), ou seja, correndo risco iminente de incêndio. A afirmação é de Raffi Agop, meteorologista e analista de queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Segundo Agop, além do ar seco e do calor, a falta de chuvas e o tipo de vegetação de cada região são fatores levados em consideração para indicar o risco de incêndio de determinada área.

De acordo com as imagens do Inpe, somente os extremos norte e sul registram condições um pouco melhores, porém isso não indica que estão fora de perigo. “A diferença entre médio risco e risco crítico não é muita. Isso depende também das condições climáticas no momento em que o foco se dissipa. O vento forte, por exemplo, pode aumentar muito o risco de queimadas”, explica Agop.

Levando em consideração as previsões para os próximos dias, a situação deve melhorar com a aproximação de uma frente fria que trará queda nas temperaturas e chuvas para algumas regiões.

Entretanto, o novo cenário chegará apenas no domingo (29) e não deve ser forte o suficiente para atingir todo o Brasil. Somente os Estados do sul do país e parte do litoral do nordeste serão afetados pela frente fria. Além disso, áreas do Amazonas, Rondônia, Pará e Amapá também devem sentir as melhoras.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, cerca de 10 mil pessoas estão envolvidas no trabalho de combate ao fogo, principalmente nas áreas de proteção ambiental. Desse contingente, 3.000 são dos institutos Chico Mendes e Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e 7.000 são bombeiros de todo país.

Para o analista do Inpe, além das condições climáticas, grande parte dos incêndios pode ter origem criminosa. Esta semana, o Ibama já aplicou mais de R$ 4 milhões em multas por queimadas ilegais na região Norte. Em Rondônia, uma pessoa foi presa em flagrante ontem (26) por atear fogo, sem autorização, em uma pastagem. Além da prisão, o infrator recebeu multa de R$ 3,4 milhões.

No Pará, sete proprietários rurais dos municípios de Novo Progresso e Altamira, no oeste do Estado, também foram multados. Eles provocaram queimadas em 724,91 hectares de pastos e florestas em regeneração. Além da multa de R$ 726 mil, o Ibama embargou as áreas.

Segundo o Ibama, a multa por queimada irregular é de R$ 1.000 por hectare em área de pasto e de R$ 5.000 em áreas de conservação, reservas legais ou áreas de proteção permanente.

A orientação dos órgãos ambientais é para que não sejam feitas queimadas, mesmo controladas, nesta época do ano. Seguindo essa recomendação, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) proibiu a queima da palha da cana-de-açúcar, que costuma ser feita durante a colheita. A chamada queima controlada, que era permitida entre às 20h e às 6h, está sob restrição total até que a umidade relativa do ar se estabilize em níveis acima de 20%.

Aumento de 250% em 2010
O total de registros de focos de incêndio em todo o território nacional cresceu 253% entre o início de janeiro e hoje (27), em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são de levantamento com bases em dados colhidos pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) do satélite Aqua.

Entre 1º de janeiro e 27 de agosto de 2009, ocorreram 10.239 notificações de incêndios. No mesmo período de 2010, o instituto contabilizou 36.133 focos de incêndio. O índice de focos de incêndio é o maior desde 2005, quando, no mesmo período, houve um total de 28.988 registros de queimadas no país.

Segundo o Inpe, é preciso frisar que ao fazer uma comparação utilizando um período longo de tempo como este é possível que ocorram distorções, uma vez que de um ano para outro as condições climáticas, como nebulosidade, por exemplo, não são as mesmas. Este fator acaba impossibilitando uma comparação exata das ocorrências.

Além disso, o Inpe utiliza diversos radares com características diferenciadas. Normalmente, o instituto usa como referência o Noaa-15, porém desde o dia 30 de junho este radar está com limitações na cobertura dos Estados do Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Mato Grosso e Pará - pegando exatamente a área mais atingida pelos incêndios atualmente. Por isso, seguindo a indicação de um técnico do próprio Inpe, a reportagem utilizou dados do radar Aqua que possibilitaria uma comparação mais precisa.

O Estado campeão até aqui em número de focos de incêndio é Mato Grosso, com 7.983 focos, um acréscimo de 510% com relação ao ano anterior (no mesmo período). Em seguida aparecem Pará (7.584, aumento de 321%), Tocantins (5.008, aumento de 344%), Maranhão (3.119, crescimento de 243%), Piauí (2.378, 511% de aumento) e Bahia (1.726, aumento de 48%).

Em 2009, neste período de 1º de janeiro a 27 de agosto, o Estado do Pará aparecia em primeiro lugar neste ranking, com 1.800 focos. Em seguida, vinham Mato Grosso (1.309), Bahia (1.161), Mato Grosso do Sul (1.139) e Maranhão (1.087).

Agosto, mês campeão
Segundo dados do Inpe, 67% de todos os incêndios notificados em 2010 ocorreram no mês de agosto.

Além disso, somente neste mês a diferença entre 2009 e 2010 foi de 495%. Enquanto que de 1º a 27 de agosto de 2009 ocorreram 4.054 notificações de incêndios, no mesmo período de 2010, o Inpe contabilizou 24.133 focos de incêndio.

*Com informações da Agência Brasil

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Áreas de preservação ambiental no Rio estão em alerta máximo por causa da seca

26/08/2010 - 19h45
Áreas de preservação ambiental no Rio estão em alerta máximo por causa da seca

Cristiane Ribeiro
Da Agência Brasil
No Rio de Janeiro

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) decretou hoje (26) alerta máximo em todas as unidades de conservação do Rio de Janeiro por causa da falta de chuva e dos níveis muito baixos da umidade relativa do ar.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, não há previsão de chuva até a próxima semana e a média da umidade do ar no Rio tem ficado entre 20% e 30%, mas ontem chegou a 12% na zona oeste da cidade.

As equipes do instituto estão em prontidão 24 horas por dia, mapeando as áreas mais suscetíveis a incêndios e passando as informações para o Centro Integrado de Gerenciamento de Incêndios Florestais. Criado há seis meses, o centro desenvolve estratégias para prevenção e combate a incêndios em matas, com base em um índice de risco de incêndios florestais.

Apesar do alerta em quase todo o estado, o presidente do Inea, Luiz Firmino, destacou que a maior preocupação é com o Parque Estadual da Pedra Branca, na zona oeste do Rio, e com o Parque do Desengano, na região de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense. Estas áreas, segundo ele, são muito áridas e mais propensas a incêndios.

Na manhã desta quarta-feira, bombeiros foram acionados para apagar um incêndio no alto do morro do Andaraí, na zona norte do Rio. O fogo, que foi controlado horas depois, destruiu uma grande área de vegetação e assustou moradores de uma comunidade do morro.

Nesta semana, também foram registrados incêndios no cume da Pedra da Ermitage, em Teresópolis; no Parque da Pedra Branca; na Reserva Biológica e Arqueológica de Guaratiba no Rio; e no Parque Estadual da Serra da Concórdia, em Valença.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Lei aprovada em GO obriga castração de cães da raça pit bull

11/08/2010 - 20h29
Lei aprovada em GO obriga castração de cães da raça pit bull e limita horário de circulação

Luiz Felipe Fernandes
Especial para o UOL Notícias
Em Goiânia

Uma lei aprovada esta semana em Goiânia impôs uma série de restrições aos donos de cães da raça pit bull. De acordo com as medidas, eles têm até quatro meses para castrar os animais com idade superior a seis meses; estão proibidos de comercializar os cachorros; e devem circular com os animais em locais públicos apenas entre 22h e 5h –os cães devem ser conduzidos por maiores de 18 anos, com enforcador e focinheira. A multa para quem descumprir alguma dessas normas é de R$ 532.

Segundo o autor do projeto, vereador Maurício Beraldo (PSDB), a castração estará disponível gratuitamente no Centro de Zoonoses, da Secretaria Municipal de Saúde. Ele também pretende solicitar fiscalizações em parques e pistas de caminhada para garantir a aplicação da lei. Beraldo explica que propôs o controle da reprodução dos cães devido do grande número de ataques a crianças e idosos.

Antes de ser aprovado, o projeto tramitou por quase 10 anos na Câmara Municipal de Goiânia. A proposta inicial incluía outras quatro raças –rottweiler, mastin napolitano, dobermann e fila brasileiro–, mas acabou ficando restrita ao pit bull.

Levantamento do Hospital de Urgências de Goiânia mostra que nos últimos três anos foram atendidas 268 vítimas de ataques de cães. Só esse ano foram 34.

Mercado negro
Para Leonardo Scaff, dono dos dois cães eleitos em 2010 como os melhores da raça pit bull no Brasil, esterilizar os animais não vai resolver o problema. “Estaremos exterminando um ser vivo”, considera. Para ele, a lei deveria estimular a posse responsável, usando recursos como o microchip contendo os dados do cão e do dono, para que ele responda por qualquer dano. “E isso deveria valer para todo animal doméstico”.

Scaff diz que seus dois filhos pequenos (de 4 e 7 anos) convivem tranquilamente com os cães. Com a lei, ele prevê o surgimento de um “mercado negro” de comercialização de pit bulls. Isso porque, segundo o criador, as pessoas que quiserem ter o animal vão tentar adquiri-lo de outra forma.

No Brasil
Em 2007, os vereadores de Campinas (SP) também aprovaram uma lei que determinava a castração de cães da raça, mas ela foi vetada pelo prefeito Hélio de Oliveira Santos. Na época, a alegação foi de que o projeto era inconstitucional.

O Senado também aprecia uma proposta semelhante, de autoria do senador Valter Pereira (PMDB-MS), que tramita desde 2008. Em março deste ano, o projeto entrou na pauta de votação da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), mas foram solicitadas mais informações para que a matéria fosse apreciada. Hoje, o projeto encontra-se na secretaria-geral da Mesa, aguardando dados do Ministério da Agricultura.

A proposta do senador é ainda mais rigorosa. Ela prevê que, dependendo do caso, o dono de um cão de raça considerada violenta que atacar uma pessoa poderá responder pelo crime de homicídio doloso, cuja pena é de 20 anos de prisão.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Mudanças climáticas agravam seca no Nordeste e criam quatro desertos na região

05/08/2010 - 13h01
Mudanças climáticas agravam seca no Nordeste e criam quatro desertos na região

Carlos Madeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió

Marcado nos últimos meses por temporais, enchentes e tremores de terra, o Nordeste sofre com um mal silencioso que pode causar prejuízos ainda mais sérios à população que mora no semiárido: a desertificação. O processo atinge oito dos nove Estados da região, além do norte de Minas Gerais.

Segundo estudos, o clima no semiárido está cada vez mais seco, a temperatura máxima da região tem apresentado aumento significativo e as áreas sofrem com chuvas mais intensas, mas com intervalos maiores que a média histórica. Com as mudanças climáticas, quatro áreas desertificadas já foram identificadas por análises recentes.

Segundo relatório do Programa de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos na América do Sul, realizado por um instituto ligado a OEA (Organização dos Estados Americanos), a área afetada de forma “muito grave” no Brasil chega a atingir 98.595 km², ou 10% do semiárido brasileiro. Desse total, quatro são os chamados "núcleos de desertificação", que estão nos municípios de Gilbués (PI), Irauçuba (CE) e Cabrobó (PE), além da região de Seridó (RN), totalizando uma área de 18.743,5 km² (equivalente a 2.082 campos de futebol).

“Essa áreas já podem ser consideradas desertos e pior: estão se expandindo. Isso choca, mas é real”, afirmou o meteorologista Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites, localizado na Universidade Federal de Alagoas.

De acordo com o PAN (Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, ligado Ministério do Meio Ambiente), 1.482 municípios estão em área suscetível à desertificação em nove Estados (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e norte de Minas Gerais). Essa área responde por 15,7% do território brasileiro, onde moram 31,6 milhões de pessoas.

Para o PAN, entre as principais causas do avanço da desertificação no país estão o extrativismo, o desmatamento desordenado, as queimadas e uso intensivo do solo na agricultura.

“Para diminuir o avanço da desertificação são necessários medidas como conservação do solo, da água e das florestas, ações para evitar desmatamentos, queimadas, uso de agrotóxicos, e sensibilização da população, principalmente das comunidades rurais”, afirmou Humberto Barbosa.

Segundo ele, há métodos para reduzir o avanço da desertificação no semiárido. “O caminho a percorrer é longo. A lógica é defender a prevenção, e aspectos como democratização da informação, formação voltada a uma melhor compreensão sobre as terras secas, participação qualificada, além de fortalecimento institucional e das instâncias de participação”, analisou o meteorologista.

Aumento de temperatura
Se as imagens de satélite apontam para um intenso processo de desertificação, outros estudos em solo também mostram que as mudanças climáticas no semiárido brasileiro estão em curso. Um estudo realizado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em parceria com o Laboratório de Meteorologia de Pernambuco, aponta que as temperaturas médias das cidades fora do litoral estão aumentando de forma rápida.

Em 40 anos, por exemplo, cidades como Vitória de Santo Antão, na zona da mata pernambucana, registrou um aumento de 3,5°C (31,5ºC para 35ºC) na temperatura máxima diária. Enquanto isso, o estudo aponta que aumento médio da temperatura mundial, no mesmo período, foi de 0,4°C.

“Os dados mostram que a tendência de aumento das temperaturas máximas está presente nas séries históricas de todos os postos estudados. Amparados por outros aspectos relativos ao solo e vegetação, não estudados, tais constatações poderiam indicar que a região estivesse sofrendo um processo de desertificação. Mas esta afirmativa no momento ainda seria precipitada com base somente nos dados e métodos utilizados”, afirmou pesquisador do Inpe Paulo Nobre.

Além do aumento da temperatura, Nobre explica que as pesquisas apontam que as chuvas na região estão ficando mais intensas, porém, com períodos de estiagens mais longos, e o ar está cada vez mais seco.

sábado, 31 de julho de 2010

Rodovia Interoceânica rasga Amazônia com garimpo e desmatamento

31/07/2010 - 14:24 | Alfonso Daniels | enviado especial a Puerto Maldonado
Rodovia Interoceânica rasga Amazônia com garimpo e desmatamento entre Brasil e Peru

"Rápido! Esconde a câmera, que vão bater na gente!", grita o motoqueiro enquanto cruzamos a selva a toda velocidade. O barulho distante de motores, uma virada brusca do guidão e, de repente, a mata desaparece, substituída por um deserto que se estende até onde a vista alcança, repleto de vilarejos miseráveis com barracas de campanha de lona azul ao lado de poças d'água pestilentas com homens mergulhados até o pescoço.

Em Guacamayo, na província de Madre de Dios, no coração da Amazônia peruana, o negócio milionário da atividade de extração ilegal de ouro ameaça destruir a região. Esta é uma grande consequência oculta do trecho final que permitirá a ligação do oceano Atlântico (porto de Santos) ao Pacífico (portos no Chile e no Peru) por meio de uma rede de rodovias, a maior parte delas já construídas, que também passa pela Bolívia. Com a construção, zonas produtoras de carne e de soja do Brasil terão acesso a portos no oceano Pacífico, de onde poderão embarcar para a China.

A estrada, em seu trecho peruano, terá como pontos finais os portos peruanos de Ilo, Matarani e San Juan de Marcona e deve ser concluída até o fim do ano.

"Isto aqui é o Velho Oeste. Não há lei nem presença do governo", afirma o biólogo peruano Enrique Ortíz, co-fundador da Associação de Preservação da Bacia Amazônica. "A rodovia está facilitando a imigração e barateando suprimentos essenciais, como a gasolina. Se nada for feito, daqui a 100 anos tudo isto se transformará em uma imensa savana, como no norte da Bolívia e em partes do Brasil. Não precisaremos mais ir até a Arábia Saudita para ver dunas".

Cratera

Autoridades estimam que cerca de 300 pessoas chegam à região a cada dia, num lugar quase inacessível até poucos anos atrás. Elas vêm do empobrecido altiplano boliviano em busca de trabalho e de uma vida melhor. A maioria termina no garimpo ilegal, aproveitando que o preço do ouro dobrou nos últimos dois anos, alcançando 1,2 mil dólares a onça (31 gramas), graças à crise econômica mundial.

E quase todos - cerca de 10 mil, embora ninguém saiba o número exato - terminam em Guacamayo, uma espécie de imensa cratera rodeada pela selva que pode ser vista do espaço. Ali, como nos anos 1970 e 80 em Serra Pelada (PA), os garimpeiros destroem a mata no afã de encontrar ouro em meio à areia debaixo das árvores, que depois vai parar em mercados europeus como Londres e Zurique.

Guacamayo, a rigor, tem apenas três anos de idade e fica cerca de 100 quiômetros ao sul da capital de Puerto Maldonado, acessível apenas de moto a partir de imensos acampamentos à beira da estrada, com nomes como Kilómetro 108 ou 112, dependendo do ponto da via. Mas já existem outros lugares similares como Jayave, Delta 1 e Delta 2, que não param de crescer. No total, cerca de 150 mil hectares já foram destruídos - até agora.

Madeira ilegal

Líderes garimpeiros como Amado Romero, presidente da poderosa Federação de Mineradores de Madre de Dios (Fedemin), reconhecem a destruição provocada pelo garimpo ilegal. Isto inclui dezenas de toneladas de mercúrio - até 80, segundo algumas organizações - usadas todo ano para separar o ouro da areia, contaminando os rios da região de tal modo que grande parte do peixe consumido agora vem de fazendas. Mas eles garantem que o garimpo de ouro pode respeitar o meio ambiente e culpam o governo por não intervir para combater o problema.

Seja quem for o culpado, o garimpo ilegal não é o único problema a acompanhar a Interoceânica. Ao norte de Puerto Maldonado, perto da fronteira com o Brasil, a ameaça vem de madeireiros ilegais. O presidente do comitê de gestão florestal do pequeno povoado de Alerta, José Cahuana, é um dos poucos que os enfrentam.

"Minha jurisdição é de 700 mil hectares e os madeireiros estão destruindo metade. Só falta construírem a ponte em Puerto Maldonado, que agora contém o fluxo de madeira, e você verá o que acontece. Será o fim", prevê, sentado na choupana de madeira onde mora e trabalha, num "escritório" formado por uma mesa, uma cadeira e um computador velho.

Tiros e propinas

Cahuana não ganha nenhum salário e se mantém com serviços esporádicos de carpintaria. Há dois anos, salvou a vida ao deixar o escritório antes da chegada do dono de um carregamento de madeira ilegal confiscado que dera oito tiros no vice-governador local. Desde então, parou de patrulhar a mata.

"Não vale a pena arriscar a vida", sentencia.

O governo não ajuda? "Não ajudam nem mesmo a viúva. E a polícia é pior: cobra pelo menos 50 soles (a moeda peruana, em quantia equivalente a 17 dólares) por carro, seja a madeira legal ou ilegal. Se souberem que um caminhão é ilegal, pedem 250 (90 dólares) e, se a espécie for boa, 500 soles. É um escândalo", afirma Cahuana com expressão cansada, enquanto lá fora recomeça a chover.

Capacitação

Ainda assim, a rodovia não leva só notícias ruins à região. Espera-se a chegada de milhares de visitantes, principalmente brasileiros a caminho de Cuzco e Machu Picchu, o que impulsiona vários projetos de ecoturismo e a proteção de algumas áreas. Um exemplo é o restaurante 70 quilômetros ao sul de Puerto Maldonado inaugurado há dois meses por Cirilo Méndez, um agricultor local que chegou a esta zona vindo da costa para cultivar café.

"Há dois ou três anos, eu vendia meus produtos como sempre, em meu quiosque à beira da estrada. De repente, o presidente da Conirsa [empresa construtora da Interoceânica] aparece e me diz: 'Seu Cirilo, amanhã o senhor precisa estar aqui, porque o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] vai chegar'. No dia seguinte, vários funcionários chegaram, trouxeram o dinheiro e nos capacitaram para administrar isso", conta Méndez, orgulhoso, vestindo um uniforme branco de cozinha e rodeado pela família.

"Chegam turistas brasileiros, peruanos, franceses, todos pela estrada... uns 30, 50 por dia. Temos um passeio de 45 minutos, uma rota turística pela selva. Aqui era tudo floresta quando cheguei, há 25 anos. Só um ou dois caminhões passavam por dia e, no inverno, às vezes ficavam um mês sem passar. Nossa vida agora mudou 100% graças à rodovia".

Fonte: Opera Mundi